Estou no escuro do breu,
Sombra que cega a gente,
Viajo nos relâmpagos do céu,
E rasgo o escuro de repente.
.
Ando no estrondo do trovão,
Que berra assustadoramente,
Corro na fuga do clarão,
Como faísca incandescente.
.
Vivo nas crinas do vento,
Na atmosfera perdida.
A correr atrás do tempo
Que me deixa atrás esquecida.
.
Estou nas ondas do mar,
Dentro de um barco encantado,
Ouço as sereias cantar,
Melodias do passado
.
Estou aqui e ali,
Sem saber onde vou,
Julgo que nunca me vi,
Nem sequer sei onde estou.
.
Estou onde tudo se esquece,
Onde se perde o pensamento,
Estou onde nada aparece,
Para além do esquecimento.
____________________________________________________